Duas atividades foram a tônica nesta semana que estive no Parque Nacional da Lagoa do Peixe: a primeira, uma preparação técnica da equipe para o acompanhamento de cerca de 450 ha de pinus que serão extraídos do parque, liberando um pouco mais de espaço para as dunas e a vegetação nativa. Acompanhamos o engenheiro florestal do Ibama Randolf Zachow, do Paraná, que está em vias de se transferir para o Serviço Florestal Brasileiro. Foi Randolf (ou "Randolfo", como foi agauchado o colega) que coordenou o inventário florestal das áreas de pinus, e agora algumas estão sendo liberadas para a extração. Cerca de 280 ha são de propriedade do ICMBio, que desapropriou a área e agora deve lançar edital para a exploração. Outros 170 são se propriedade ainda não desapropriada, cujo proprietários recebeu autorização de exploração do pinus sob fortes condicionantes, já que a "floresta plantada" está contendo um cordão de dunas bem em frente à lagoa.
Foi muito interessante ver toda a preparação, e verificar um andamento significativo na questão do pinus no PNLP. Acho que saímos bem capacitados para fazer o acompanhamento das atividades e, qualquer dúvida, Randolfo está do outro lado da linha pra nos ajudar, ou no saguão do aeroporto Salgado Filho, se for preciso.
Mas a atividade que dá título a esta postagem é o
recolhimento de pinguins na beira da praia. Os bichos, em busca de águas mais quentes, estão migrando hemisfério acima. Daí, "inocente, puro e besta", se deparam com manchas de petróleo, muito certamente oriundas da movimentação do insumo, ainda bruto, de ou para as refinarias de Rio Grande. O óleo atinge a camada de penas protetoras, que isolam o animal da água, e que faz com que ele não sinta o frio da água.
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Analistas do PNPL orientam pescador
e agradecem à disponibilidade |
Comprometida a proteção natural, os pinguins procuram terra firma para fugir do frio, alguns morrem pelo cansaço, muitos são encontrados na praia. Recebemos telefonemas de moradores, comunicando o fato, e alguns, inclusive, recolhem os animais para suas casas, na busca de recuperá-los. Numa das casa que visitamos, o pinguim esquentava-se entre cobertores numa carrocinha, onda haviam sido distribuídos pequenos filés de papa-terra, iniciativa do morador, sob o olhar curioso de sua pequena filha . Exemplo que educa, apesar de que os bichos não devem ser alimentados antes de devidamente tratados. O bom é que eles mesmos dificilmente se alimentam nestas condições, o que também pode causar óbito nos animais.
Nosso procedimento é recolher os animais ao alojamento, onde são hidratados e conduzidos ao CRAM (
Centro de Recuperação de Animais Marinhos da FURG) onde serão devidamente tratados, limpos e reconduzidos ao mar.
Apenas nesta semana foram 19, que ainda estão sujeitos à desnutrição a a agressão do óleo, para que sobrevivam e possam recomeçar a viagem. Acompanhem abaixo uma das capturas, ainda "no improviso", sem luvas ou puçá:
PS: o título, além de expressar nosso sentimento diante da situação (que em alguns se transforma em raiva), também faz referência a
um recente sucesso do youtube...
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