sexta-feira, 14 de maio de 2010

Re: [AA_Acre] RE: Curso de Formação dos novos analistas do ICMBio em plena greve!

Marco Antonio, colegas,

Porque "ninguém" fica na Amazônia? Talvez por que não "Amam a Zona", aproveitando as diferentes interpretações do infeliz trocadilho.
Mas o fato é que somos seres humanos (sério?! Jura?!), temos lá nossos hábitos. A imensa maioria dos AA vêm do Sul-Sudeste, sentem falta da família, de boas atividades culturais, do tradicional arroz com feijão ou do McDonalds. Este é um fato e, no meu entendimento, o principal fator do êxodo Amazônico.
Outro fator é, claro, a falta de boas estrutras de trabalho, o que às vezes pode ser muito questionável, pois temos algumas boas oportunidades amazônicas para aqueles que pretendem fazer gestão ambiental de fato. RESEX Cazumbá e PARNA  Divisor são duas aqui no Acre, com excelentes condições de trabalho, afora, justamente, a carência de pessoal.
Por isso a importância do adicional de interiorização, que é uma primeira tentativa de minimizar estes efeitos. No meu entendimento, dado o crescimento exponencial da presença do Estado Brasileiro na região, é pertinente a formação de um GT amplo, com representantes do MJ, MDA, MMA, MDefesa, etc. Rotatividade regulamentada e benefícios trabalhistas reais, alá Forças Armadas, são muito melhores do que "míseros" R$590,00 a mais no bolso.

Outro facilitador do êxodo é o apetite de Brasília e de outras instâncias de coordenação, natural numa estrutura que se verticaliza cada vez mais, sobretudo com o fortalecimento do SISNAMA e o decorrente retraimento do Ibama para as SUPES e ESREGS considerados estratégicos. O ICMBio ainda está compondo sua equipe de coordenação com editais de seleção, e tem usado de algumas estratégias que não provocam o êxodo direto, como no caso da constituição das equipes de Arquitetura e TI, ainda em curso, o que, no meu entendimento, pode vir a prejudicar sobremaneira a gestão das UC com os frequentes deslocamentos de pessoal.
Vejam o meu caso: Sou engenheiro de computação, adoraria contribuir com soluções de TI para o ICMBio, mas não "tenho coragem" de me oferecer, devido ao déficit de pessoal do PARNA Serra do Divisor. Sou um dos 4/30 restantes no AC desde 2002, por opção, pois oportunidades não faltaram para estar em Manaus, Belém, Rio Branco, Brasília. Se não o fiz, é porque amo não apenas o que faço profissionalmente, mas o ser humano que me tornei nestas "paragens inóspitas", e sobretudo, os outros seres com os quais me deparo e compartilho esta maravilhosa experiência de "ser diferente". Mas, se não houvesse erva mate por aqui, talvez eu já tivesse aceitado uma das propostas de transferência.

A questão é: com ou sem condições de trabalho, com ou sem cinema e teatro, com ou sem a família original, sempre procuraremos um local em que nossa consciência se tranquilize, e os posicionamentos acontecem individualmente. Minimizar os inospitabilidades é fundamental, mas não será isso que motivará a fixação dos servidores públicos na Amazônia. Acredito que a política da região deveria, inclusive ser a da rotatividade instituida em nível federal, permitindo que aqueles que apresentassem disposição aqui permanecessem. Sabe-se lá quantos colegas no RJ, SP, ou RS estão ávidos por uma experiência Amazônica, mas não o fazem por medo de aqui "ficarem presos"? Sabe-se lá quantos destes não acabariam por permanecer na Floresta, pelos mais variados motivos?

Outra observação: Todos (ou quase todos) ansiamos por estabilidade financeira, o que faz da carreira pública um grande atrativo, e estamos certos em buscá-la, com ou sem amor à causa, seja ambiental, pela reforma agrária, combate ao crime ou defesa da nação. "Paixão" não está elencada nas habilidades necessárias para o desempenho da função, e muitas vezes até a prejudica. Compromisso e responsabilidade estão lá, na 8112.

Voltando à questão do curso dos AA do ICMBio, já me posicionaei anteriormente e convido a todos os novos AA a solicitarem o término da greve para a realização do mesmo, e espero que o comando de greve dialogue incisivamente com os novos colegas e com a direção do ICMBio a respeito disso.

Paz e Bem a tod@s, e determinação ATÉ A VITÓRIA!


Em 14 de maio de 2010 14:37, Marco Antonio de Freitas <philodryas@hotmail.com> escreveu:

Olah, tenho lido muitas coisas aqui e me pergunto? pq ninguem fica na Amazonia? algumas respostas me aparecem na mente: 1 uma galera soh faz o concurso pq quer estabilidade financeira que o cargo proporciona sem nenhum amor a profissao, e atira em todos os concursos que aparecem ateh acertar algum, quando vem parar na Amazonia se desesperam e fogem...2 infelizmente uma boa parte dos que entram sao profissionais de outras areas que nao seja a ambiental (biologo, agronomo, geografo, geologo, florestal, veterinario e etc) sem querer ofender, mas pergunto? serah que eu como geografo posso fazer um concurso na area do judiciario para delegado? juiz? ou promotor? ou entao na area medica? como medico, enfermeiro e etc? acho que o meio ambiente eh de fato tratado ainda como esculaxo! apesar de ser a coisa mais importante da humanidade!!! me descupem o tom da palavra, e por isso qualquer profissional que nao tenha amor DE FATO pela profissao entre como A.A e desmotivado pela pouca estrutura que temos acabam indo embora...nao quero aqui que os profissinais que nao sao da area ambiental se sintam ofendidos pq muito que "nao da area ambiental" sao bem mais eficientes do que muitos "profissionais da area ambiental", mas eh um ponto para refletirmos bem estas questoes...3 acho que a luta que estamos travando eh muito valida, estou colaborando como posso, mas falta sim paixao pelo MATO!!!! eu posso sentir isso no tom da conversa informal que tenho com muitos A.A e eu fiz o concurso por gostar do trabalho e jah sabia o que ia enfrentar e enfrento, embora ainda como novato ainda nao pude sentir as dificuldades de quem esta no mato longe das capitais como A.A, mas como geografo jah enfrentei muitas dificuldades, mas queria reiterar que independentemente do curso, da greve ou nao, temos em primeiro lugar que pensar na profissao que escolhemos, na paixao pelas coisas da terra, aih sim partir para outras coisas... sinto muito a falta de paixao por muitos A.A na vontade de fazer algo e verdade...
 
Abracos.

 
MSc.Marco Antonio de Freitas CREA-BA 64527. 
Geógrafo licenciado e bacharel, Especialista em Gestão Ambiental e Mestre em Zoologia.

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Comenius (1592 - 1670)

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